De  14 de abril a 28 de julho de 2012 a Sala dos Pomares apresentou a  exposição Des|Estruturas, novo recorte no acervo que pretendia inicialmente diálogos entre obras de dois tipos: aquelas que partem de um projeto específico e claro e outras que dão mais lugar à intuição e ao momento do fazer e cuja produção está intimamente relacionada ao próprio processo.   No entanto, no decorrer da escolha pela organização da mostra, que teve curadoria de Vera Chaves Barcellos e Neiva Bohns, essa divisão entre a forma de elaboração de um produto artístico,  revelou-se, num segundo momento, demasiado simplista, já que alguns trabalhos, embora rigorosamente projetados e estruturados, também implicam a sua própria desestruturação. Isso prova mais uma vez que arte não é uma coisa simples.

Este conjunto de obras da coleção da FVCB, pertencentes a diversas épocas, dos anos 60 até a atualidade, reunindo autores tanto brasileiros como estrangeiros,  reafirma a arte como um fenômeno complexo e digno de ser estudado e analisado.

A mostra, contrapõe o gestualismo de Emilio Vedova ao rigor de Joseph Albers  e reuniu desde pequenas obras sobre papel, como as delicadas gravuras em metal da chinesa Lili Hwa, que valorizam o gesto, ao expressivo conjunto de 134 pinturas sobre papel de Lenir de Miranda sobre o tema de Ulisses. Potentes são os desenhos em 12 partes de Maristela Salvatori , a insólita instalação de Carlos Pasquetti , e  as monumentais esculturas construtivas de Eduardo Frota. E destacamos a obra emblemática como é o LC3 , um dos bichos de Lygia Clark, editados pela Limited Edition, de Londres, nos anos 1960, escultura transformável em múltiplas esculturas distintas. Muitas outras obras de grande interesse foram oferecidas nesta exposição ao espectador: um leque amplo e aberto à contemplação e à reflexão.

Vera Chaves Barcellos