A artista brasileira Vera Chaves Barcellos está em Los Angeles para participar da abertura da mostra Radical Women: Latin American Art, 1960-1985, que entra em cartaz no Hammer Museum, no dia 15 de setembro de 2017.

 

Radical Women: Latin American Art, 1960-1985 apresenta  uma inédita abordagem da história das práticas artísticas experimentais da América Latina realizada por artistas mulheres e a influência que exerceram internacionalmente. Abrangendo uma lacuna da história da arte, a exposição Radical Women  visibiliza as práticas artísticas de artistas mulheres que trabalham na América Latina e as chicanas e latinas nascidas nos EUA, entre 1960 e 1985, um período fundamental da história latino-americana e do desenvolvimento da arte contemporânea.

A artista Vera Chaves Barcellos participa da mostra com o trabalho Epidermic Scapes, de 1977. Sobre a obra, a artista escreveu no ano de sua produção ” Não resisti à tentação de usar o termo Epidermic Scapes que diz tudo o que quero sobre este trabalho. São paisagens epidérmicas e também uma escapada de toda uma problemática interna, de símbolos e projeções, de qualquer espécie de sofrimento ou subjetivismo. É um trabalho de superfície, ao nível da epiderme. A cada centímetro de cada corpo humano, essas paisagens são diferenciadas. Fica, portanto, aberta a propostas para uma documentação, para sempre renovável, dos grafismos do corpo”.

A série Epidermic Scapes que integra a mostra do Hammer Museum é composta por 30 imagens.

O texto de divulgação da exposição destaca que  Radical Women tem como foco a noção do corpo político. Essas artistas embarcaram em pesquisas artísticas radicais e experimentais, começando no início da década de 1960, forjando novos caminhos na fotografia, na representação, no vídeo e na arte conceitual. Elas geraram uma linha investigativa centrada na politização do corpo feminino e buscaram liberação da atmosfera de repressão política e social que ofuscou as mulheres na América Latina entre 1960 e 1985. Em seu trabalho, a representação do corpo feminino se tornou o ponto de partida para questionar o cânone da arte estabelecida, bem como o meio de denunciar atos sociais, culturais e políticos de violência. Essa nova iconografia baseada no corpo explorou tanto os domínios pessoais como políticos de representação de artistas latino-americanas e latinas, que também usaram o corpo como um meio real e simbólico.

“Poéticos e políticos, os tópicos explorados na exposição incluem autorretratos, as paisagens do corpo e feminismos”, explicou a cocuradora da exposição, Dra. Andrea Giunta. “Esses temas reúnem a arte além das fronteiras nacionais e geográficas, explicando a veracidade das práticas paralelas por artistas que trabalham, frequentemente, em condições culturais diferentes”.

Essa exposição levará em consideração uma abordagem ao feminismo relevante para o contexto geográfico das artistas e seus históricos sociais e políticos específicos. Na América Latina, há uma sólida história de militância feminista que, com exceção do México e de alguns casos isolados, nas décadas de 1970 e 1980, não é amplamente refletida nas artes. No caso das artistas latinas e chicanas que trabalham nos Estados Unidos, elas estavam reagindo a políticas patriarcais, tão opressivas quanto as enfrentadas pelas colegas latino-americanas, bem como à segunda onda do feminismo que foi, muitas vezes, indiferente às questões enfrentadas pelas mulheres negras e latinas. Radical Women propõe que o trabalho dessas artistas seja tanto estética como politicamente radical, propondo agendas feministas, enquanto se engaja na crítica social e política, bem como na exploração da sensibilidade feminina, tanto com conexões ocultas quanto declaradas com o feminismo político.

Ao todo, 15 países estarão representados na exposição por 116 artistas, com mais de 260 trabalhos em fotografia, vídeo e outros meios experimentais.