Com inauguração marcada para a próxima terça, 19 de dezembro, a exposição Terramarear apresenta uma antologia da artista, reunindo obras produzidas ao longo dos últimos 30 anos. A obra Bassin de la Villette, de 1999, um políptico grande em monotipia, pertencente à Coleção Artistas Contemporâneos do Acervo da FVCB.

Fotografia e gravura andam juntas na mostra Terramarear, antologia que apresenta cerca de 120 trabalhos desenvolvidos ao longo dos últimos 30 anos. Das gravuras em metal dos anos 1980, pautadas em fotografias de familiares e amigos em momentos de lazer no litoral; passando pela série Viagem de rio (1993), decorrente de um percurso de 10 dias, em uma chata, ao longo do Rio São Francisco; chegando às cenas de hangares, cais, construções monumentais, silenciosas e abandonadas em cidades visitadas pela artista. Num diálogo com a paisagem, natural ou construída, figuras humanas foram retiradas, ruídos urbanos, excluídos, permanecendo a arquitetura, com seus planos, linhas, levezas e pesos no espaço. Nesse processo, talvez tão importante quanto a viagem física, que possibilitou o registro fotográfico e, por extensão, a produção dessas obras, está a viagem interna, que abriu a Maristela novas possibilidades de pensar a representação do espaço, o lugar do observador – e, por consequência, dela mesma – e a própria técnica da gravura, com suas múltiplas possibilidades.

Sobre a exposição e seu título, a artista escreve: Terramarear, neologismo resultante da justaposição de palavras, remete não apenas ao universo de muitos dos trabalhos aqui apresentados, como também ao seus recursos construtivos, uma vez que diversas obras decorrem da associação de diferentes recursos técnicos e modos de impressão; evoca também a ideia de deslocamento e – por que não? – de um ‘lançar-se’ ao inexplorado, ao misterioso. […] Há, por assim dizer, um deslocamento em círculos, com cenas marinhas e composições urbanas nas quais a fragmentação, a repetição, a serialização e o desdobramento são uma constante. Com inegável paixão pela gravura e pela fotografia, meus trabalhos partem e dialogam com essas duas linguagens, mesclando procedimentos tradicionais e tecnologias digitais; eles exibem, portanto, a matriz fotográfica, ao mesmo tempo em que revelam, em sua materialidade, os recursos da gravura e da monotipia em/sobre metal, bem como da manipulação digital. São impressões calcográficas e digitais nas quais, além de me apropriar de fotografias – ou aspectos destas –, trago a representação ou a alusão a lugares que me fascinam e cativam, seja devido a suas formas, seja pela carga de memória que evocam”.

Terramarear tem curadoria da historiadora e crítica de arte Paula Ramos e permanece em exibição até 11 de março de 2018.