Em V x V, de 1977, a partir de uma fotografia feita pelo artista Telmo Lanes, temos uma espécie de  autorretrato psicológico da artista Vera Chaves Barcellos.

A imagem fotográfica é explorada pela artista Vera Chaves Barcellos a partir do questionamento da unicidade de sentido da imagem. Diferente de outros signos de decodificação imediata, a imagem artística não tem um sentido único, podendo inclusive não ter sentido algum.

Em V x V, estamos diante de “duas” mulheres  que puxam uma mesma corda. O olhar mais atento  do espectador descobre a ficcionalidade (o desdobramento espelhado) da imagem;  a artista surge duplicada e  parece travar um “cabo de força” consigo mesma.

V x V é, desse modo, uma crítica irônica do sentido possível que se pode dar a uma imagem: sua condição de imagem fabricada anuncia que toda imagem é fabricada e passível de manipulação. Três décadas mais tarde, a artista confessou que o trabalho é  um autorretrato irônico, criado em uma época em que as dúvidas a invadiam.

(Fonte: SOULAGES, François. Vera Chaves Barcellos: Obras Incompletas. Porto Alegre, RS: Zoulk, 2009).