Do dia 29 de setembro a 19 de dezembro de 2008, a FVCB apresentou cerca de 70 vídeos de artistas brasileiros e estrangeiros  na exposição Olhos Vendados, de maneira contínua ou em sessões especiais.

Com curadoria de Neiva Bohns e Patricio Farías, a mostra exibia uma seleção de videos que foram produzidos desde os anos de 1970, quando a linguagem do vídeo se encontrava em seu estágio mais experimental. Parte destes vídeos, antes de tornarem imagens registradas e fadadas à repetição, já tinham sido performances únicas, não reprisáveis.

A vídeo-arte teve início em meados do século passado, como uma forma de registro, mais fiel do que a fotografia, de ações que se davam no tempo e no espaço. No entanto, no panorama internacional, artistas como Nam June Paik, um sul-coreano que se tornou membro do grupo neo-dadaísta Fluxus, não se contentaram com a função meramente auxiliar de um recurso tão fecundo. Assim, começaram as experiências visuais com imagens em movimento, narrativas ou não, que podiam ser reproduzidas em equipamentos de diferentes tamanhos, incluindo os portáteis.

Evidentemente, a evolução da indústria tecnológica permitiu a exploração de novos campos artísticos. No entanto, as obras mais significativas da vídeo-arte não estão focadas no deslumbramento diante dos novos aparatos técnicos. Pelo contrário, serviram para críticas aguçadas sobre a condição humana, atitude que já tinha sido brilhantemente ensaiada nos filmes experimentais surrealistas das primeiras décadas do século XX, quando os recursos técnicos ainda eram precários. A irreverência, a ironia, o afrontamento e a provocação tornaram-se os principais instrumentos de certos criadores da libertária década de 1970. Artistas como o norte-americano Dennis Oppenheim e a brasileira Letícia Parente, em seus filmes quase domésticos, colocavam em xeque, de maneira ostensiva, as convenções de seu próprio tempo. Para quem já viu de tudo, de todas as formas, por todos os ângulos, essas proposições guardam algo da pureza e da ingenuidade natural dos experimentadores. Fazem parte de uma história recente, quase quixotesca, marcada pela resistência diante dos processos de massificação.

Olhos vendados traz obras que foram produzidas com a intermediação de aparatos técnicos eletro-eletrônicos, e igualmente necessitam destes equipamentos para serem re-apresentadas ao público. Todas têm como resultado seqüências de imagens em movimento, e sempre se repetirão de maneira idêntica, salvo alguma intervenção ocorrida em tempo real. Mas cada uma delas cria realidades particulares.

Todos os artistas, e cada um da sua maneira, problematizam relações humanas e expõem estados emocionais profundos. Falam de seus medos, desejos, sonhos e fantasias. Diante da densidade psicológica das obras, cabe ao espectador decidir se deseja ou não penetrar nesses universos mentais; se deve ou não ver o que se expõe aos olhos e ao pensamento reflexivo, de maneira tão despudorada. As verdades sempre podem ser dolorosas. As ilusões, por demais sedutoras. (Fonte: texto curatorial de Neiva Bohns).

Participaram da mostra, obras dos artistas: Alejandra Andrade, Begoña Egurbide, Dennis Oppenheim, Dore. O, Francesca Llopis, Glaucis de Morais, Jorge Francisco, Letícia Parente, Marcel-lí Antúnez, Marco Arruda, Mariana Silva da Silva, Mariana Vassileva, Patrícia Francisco, Patricio Farías, Regina Vater e Bill Lundberg, Vera Chaves Barcellos e Vera Didonet Thomaz.

Veja algumas imagens dos videos expostos:

Alejandra Andrade

 

Begoña Egurbide

Dennis Oppenheim

Dore O.

Francesca Llopis

Jorge Francisco Soto

Mariana Silva da Silva

Mariana Vassileva - Toro

Regina Vater

Vera Didonet Thomaz

 

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