A artista brasileira Vera Chaves Barcellos, ao lado do também brasileiro Éder Santos e do espanhol Evru, participa da exposição El mundo em su espuma, na Galeria Ángeles Baños, em Badajoz, Espanha.

Inspirado no poema de José de Espronceda, El Diablo Mundo, o título da exposição faz referência ao tema que norteia esta seleção de obras e artistas: a complexa relação entre realidade e ficção.

Ainda que de forma bem diversa, a artista brasileira Vera Chaves Barcellos, o  artista também brasileiro Eder Santos e o artista de Barcelona  Evru compartilham um interesse especial pela criação visual  e poética de outros mundos. Os trabalhos selecionados pela curadora da mostra, Claudia Giannetti, propõe uma reflexão sobre a construção simbólica e cognitiva das realidades, sempre plurais, mesmo que individualmente únicas.

(Registro da obra Casasubu na exposição Fotografias, manipulações e apropriações no Paço Imperial, Rio de Janeiro, Brasil).

Vera Chaves Barcellos, na série fotográfica Casasubu (2006), aborda a questão do simulacro a partir da  documentação de fachadas de casas de uma pequena cidade do sul do Brasil, Ubu, que se caracteriza pela insólita mescla de estilos e materiais. Determinados elementos destas fachadas são reproduzidos e combinados artificialmente para conceber novas casas inexistentes, convidando o espectador a um exercício de atenção. A cidade real se expande com construções virtuais.

Desde 1968, Albert Porta, conhecido primeiramente como Zush, e a partir de 2001 como Evru, vem criando seu próprio universo. Evrugo Mental State é o nome de “seu” mundo paralelo, no qual existem símbolos comuns a todos os Estados: alfabeto e idioma próprios, moeda , bandera, hino, passaporte, personagens. Em um território ao mesmo tempo artístico e científico, mental e místico. Nesta exposição  se apresentan 27 desenhos sobre papel que permiten ao público entrar no orbe “evrugui” através de seu mapa, sua escritura, sua moeda, personagens e máscaras que o habitam.

Com um estilo pessoal e inconfundível, Eder Santos se aproxima da imagem do mundo de forma poética. Alain Bourges dizia que seus vídeos despertam o sentimento de estar em frente a imagens que não representam a realidade, mas outras imagens. Na obra de videoarte Cinema (2009), Santos embarca em uma viagem no tempo por uma paisagem recôndita do interior de Minas,no Brasil: a dura realidade do campo parece esfumaçar-se em loops cíclicos, em diferentes velocidades. A série de videoesculturas Todos os santos aborda o sincretismo religioso e cultural, formalizado en figuras que remetem a diferentes construções de memórias e origens. Seu vídeo Projeto Apollo (2000) trata da questão atualmente tão debatida do fake e da pós-verdade da história.

O diálogo entre as obras selecionadas para exposição, instiga a reflexão sobre questões essenciais sobre a construção e compreensão das realidades humanas, bem como o grau de virtualidade presente em nossa práxis vital.

Vera ainda participa de uma mesa redonda sobre hibridismo e a transdisciplinaridade na arte contemporânea. Intitulado O poder das imagens além das categorias e disciplinas, o debate antecede a abertura da mostra e ocorre no dia 20 de abril no MEIAC – Museu Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo.