Hoje, apresentamos duas obras da artista Ananda Kuhn (Porto Alegre/RS, 1984), recentemente incorporadas ao nosso Acervo. Formada em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS, ela vive atualmente em Bristol (Inglaterra) e é representada, desde 2013, pela Galeria Bolsa de Arte.
 

Abissal I

 

Abissal II

 
Abissal I e Abissal II (2017) fazem parte de uma série de pinturas criada a partir do convite que ela recebeu para realizar uma exposição no espaço criativo Black Joy, em Florianópolis/SC. “Era verão e meu ateliê estava montado em Garopaba ao longo de três meses. O então atual entorno foi minha principal influência e motivação, conectando as profundezas da mente com as intrigantes desconhecidas zonas abissais dos oceanos. A mostra homônima à série reuniu pinturas em tela e desenhos sobre papel”, relata.

Ainda de acordo com a artista, a série Abissal deriva de sua compreensão de que ‘memória’ significa ‘invenção’, isto é, uma “criação do inconsciente que conecta pedaços desconexos para dar algum sentido ao passado vivido e assim mantê-lo vivo”. Partindo desse entendimento sobre memória, ela pontua a existência do fazer artístico: “um meio que é também um fim para refletir sobre os mistérios que permeiam esta fabulosa atividade cerebral que é memorizar”.

Uma das práticas recorrentes de Ananda é o registro em fotografia do cotidiano. “Tudo o que me é importante e significativo eu me aproprio: sejam escritos criativos ou filosóficos, seres da natureza ou elementos urbanos, objetos ordinários do cotidiano, até imagens em impressos ou digitais. Seleção que, depois de adaptadas e impressas, são traduzidas por minha estética formal”, comenta. E é nesta transformação que seu trabalho acontece: “ressignificar informações visuais conhecidas através da relação entre as partes, gerando novas experiências de assimilação pela capacidade de resgatar memórias pessoais de cada indivíduo observador das obras. (…) A partir do gesto livre, não intencional, crio estruturas pictóricas e gráficas nas quais busco então resgatar e reconhecer formas de seres e lugares por mim visualizados ou imaginados”, destaca a artista.