Desenhista, gravador, pintor e professor, Wilson Cavalcanti (Pelotas/RS, 1950), ou simplesmente Cava, segue em plena atividade e está entre os artistas presentes na mostra “80’s”, em cartaz na Fundação Vera Chaves Barcellos.

Ex-posição, 1982
Desenho, técnica mista sobre papel. Coleção do Artista.

 
Pertencente à coleção do próprio artista, a obra “Ex-Posição 1”, de 1982, pode ser conferida no mezanino da Sala dos Pomares. Trata-se de um desenho abstrato de linha expressionista, concebido em um período em que o artista relembra com certo pesar. Segundo Cava, era o contexto do fechamento do Parque Nacional de Sete Quedas, do Rio Paraná, que viria a dar lugar ao reservatório de Itaipu.

“Eu havia sido convidado por dona Ignez [Ignez Soares Pinto de Moraes] da Galeria Salamandra para fazer uma [exposição] individual. Cansado de nadar contra a correnteza no mundo das artes, resolvo me afastar fazendo uma mostra intitulada ‘EX-Posição’. Assim, mostro alguns trabalhos que vinha desenvolvendo em que mesclava materiais não convencionais como betume, fita adesiva, papel de pão, tempera a ovo, grafite, nanquim etc., sobre papel canson ou papel craft”, relata Cava.

Desde a infância, Wilson Cavalcanti enfrentou adversidades devido a problemas de saúde relacionados à mobilidade restrita das pernas, impossibilitando seu acesso à escola. Tal condição foi agravada pela precariedade financeira de sua família e, somente na adolescência, ele obteve oportunidade de estudar. Formou-se no Atelier Livre Xico Stockinger, onde atua há mais de 20 anos como professor de desenho, xilogravura e gravura em metal.

Entre as diversas contribuições para o cenário cultural de Porto Alegre, Cava fundou o ateliê de gravura em metal do Museu do Trabalho, em 1988; o Atelier de Litografia Oficina 11, em 1992; o Núcleo de Gravuras do Rio Grande do Sul; e a Associação Independente de Artistas (AINDA), em 1997.

Em Viamão, onde vive atualmente, Cava também tem uma reconhecida atuação como arte-educador na rede de ensino, especialmente na organização e realização de oficinas de xilogravura em escolas e também em praças públicas, abertas à participação da comunidade.