Entre as obras em exibição na mostra 80’s estão alguns trabalhos de Romanita Disconzi (Santiago, RS, 1940), cuja poética é fortemente influenciada pela linguagem pop. As produções apresentadas integram a Coleção Artistas Contemporâneos FVCB.

Diante da pintura figurativa Sem título, 1981, localizada no segundo andar da Sala dos Pomares, percebemos uma ampla referência à televisão. Além da tridimensionalidade da caixa preta que a artista usa como tela/suporte, suas pinceladas divididas evocam ao pixel televisivo.

Já no térreo da Sala dos Pomares, o público pode conferir um conjunto de vídeos de Romanita Disconzi, a partir de experimentações com a imagem televisiva, manipulada através de um processador de imagens. Essa pesquisa ocorreu entre 1979 e 1981, quando a artista estudou na The School of the Art Institute of Chicago, nos Estados Unidos, sendo o ponto de partida para a maneira de pintar que foi denominada como Pintura Pós-TV.

Nas palavras de Romanita Disconzi: “Os efeitos de cor e luz obtidos nos vídeos são reformulados nas pinturas, nas quais as formas, além de serem construídas com pinceladas isoladas e ordenadas de acordo com linhas que representam o scanner, ou linhas de varredura, reinterpretando a sintaxe televisiva na sua essência mais elementar, apresentam, ainda, superposições, desdobramentos e contaminações de cor de uma área para a outra, que são alusões a operações características dos processamentos da imagem eletrônica.”¹

Formada em Pintura pelo Instituto de Artes da UFRGS em 1960, Romanita Disconzi dedicou-se também à gravura, com ênfase em serigrafia. Participou da Bienal de São Paulo em 1973. No final dos anos 70, integrou o grupo Nervo Óptico. Passou a compor o corpo docente do Instituto de Artes da UFRGS em 1977. Realizou doutorado na Escola de Comunicação e Artes da USP, 1991. Foi diretora do MARGS em 1995, onde está representada com peças gráficas, totens e sólidos geométricos.

¹ DISCONZI, Romanita. “Pintura Pós-TV: Uma reflexão sobre o meio eletrônico”. [online] “Periscope Magazine”, Florianópolis, v. 3, Maio 2002.