Chegou a vez de apresentarmos o trabalho da artista Helena d’Avila (Porto Alegre/RS, 1961), que intensifica sua presença na Coleção Artistas Contemporâneos FVCB. A obra Sem título, recentemente doada para o nosso Acervo, é datada de 2015, mas remete ao ano de 2005, quando Helena participou da mostra coletiva 3X4 construindo a identidade, com os artistas Carlos Krauz, Laura Fróes e Nelson Wilbert.

Sem título, 2015, em exposição no MACRS

“Na exposição mostrei uma sequência de sete canteiros com flores sintéticas expostos no chão, que remete aos tapetes das procissões de Corpus Christi, ou, como Susana Rangel, no texto de apresentação escreveu, refrão da letra dos Titãs: ‘as flores de plástico não morrem’ também remetem aos cemitérios contemporâneos, sem lápides, apenas buquês de flores no chão”, relata Helena.

Artista Helena d’Avila

3X4 construindo a identidade impulsionou a criação do projeto 3X4 VIS(I)TA, que consistia na realização de exposições de curta duração no ateliê de artistas. “Um dos artistas visitados foi o Luiz Gonzaga Mello Gomes, o professor Gonzaga. Seu trabalho tão orgânico, repleto de natureza e formas sedutoras, além disso um enorme muro repleto de heras, isso chamou minha atenção. (…) Esta visita foi em 2007 e fiz a instalação com o título de Intervenção natural”.

Detalhe da obra

No ano de 2015, o projeto 3X4 VIS(I)TA resultou em uma exposição no Museu de Arte Contemporânea do RS (MACRS) em 2015, com trabalhos dos quatro artistas e dos visitados, sob a curadoria de Paula Ramos. Segundo Helena, a obra “Sem título” não foi uma releitura do que fez em 2007 no muro de heras, nem um formato para a Galeria, mas um processo que evoluiu desde o primeiro canteiro no chão, em 2005. “Fiz um enorme muro de heras sobre grama artificial, claro, veio daquele ateliê, ambiente de natureza, minha referência ao trabalho do Gonzaga. Entre flores de plástico, tidas como cafonas, sem cheiro nem vida, mas com toda a conotação de um Grande Portal, sim, por que não? Todos os elementos estão ali, não teria como fugir do primeiro tapete de Corpus Christi, nem das lápides no chão. As flores de plástico não morrem…”

Foto 1: Fábio Del Re & Carlos Stein.
Fotos 2 e 3: Divulgação.