27/03 a 01/06/25 | 14ª Bienal do Mercosul na FVCB

Neste ano em que celebra 20 anos de atuação, a Fundação Vera Chaves Barcellos (FVCB), em Viamão, está entre os espaços expositivos que integram a 14ª Bienal do Mercosul, inaugurada no dia 27/03.

Esta é a primeira vez que a instituição criada e dirigida pela artista Vera Chaves Barcellos, recebe a tradicional mostra internacional de artes visuais. Durante a Bienal, que segue até o dia 01/06, a visitação na FVCB é de terça a sábado, das 9h30 às 17h, na Sala dos Pomares (Rodovia Tapir Rocha, 8480 – parada 54, Viamão/RS), com entrada franca. Agendamentos de grupos e escolas devem ser realizados pelo site da Bienal (bienalmercosul.art.br/agendamento).

Tendo como título e tema central a ideia de “Estalo”, esta edição da Bienal busca lidar com a noção de transformação que ocorre em diversos graus, desde aspectos de mobilização social, individual e coletiva sentidos através dos nossos corpos até mesmo rupturas e câmbios tempestuosos na natureza. A equipe curatorial é formada por Raphael Fonseca (curador-chefe), Tiago Sant’Ana e Yina Jimenez Suriel (curadores-adjuntos) e Fernanda Medeiros (curadora-assistente).

Na FVCB, a curadoria propõe uma abordagem conceitual a partir do título-estalo “Objetos no espelho podem estar mais próximos do que parecem”, reunindo trabalhos de três artistas: Felipe Rezende (Brasil, 1994), Firas Shehadeh (Palestina, 1988) e Ali Eyal (Iraque, 1994). São obras que delineiam um olhar para os fluxos migratórios, a experiência do trânsito e as dinâmicas dos territórios.

“Neste ‘Estalo’, o desenho, a pintura e o vídeo são impregnados pelo suor da insônia e embaçados por lágrimas de despedida. Olhar a paisagem passar rapidamente pelo espelho do retrovisor não é uma postura passiva diante de uma realidade, mas sim a inquietude sobre a expectativa da nova realidade e a revolta melancólica de deixar sua própria terra.” (Trecho do texto da curadoria).

SOBRE OS ARTISTAS E AS OBRAS EM EXIBIÇÃO NA FVCB

Felipe Rezende (Bahia, Brasil, 1994)

Atualmente vive e trabalha em São Paulo. É formado em Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Sua prática transita entre desenho, pintura e linguagens expandidas, estabelecendo diálogos críticos com o cotidiano. A ideia de casa, de lar e de classe trabalhadora, muito marcada pelas vivências na cidade de Barreiras, na Bahia, são importantes em sua pesquisa.

Apresentada no térreo da Sala dos Pomares da FVCB, a instalação site-spefic Demeter, 2025, de Felipe Rezende, parte de um deslocamento real da Bahia ao Rio Grande do Sul em um caminhão carregando terra, sementes, caixa de adubo e uma estrutura metálica envolta por uma lona de caminhão pintada pelo artista. A composição foi inspirada em um capítulo de Drácula, de Bram Stoker, em que o personagem é transportado da Transilvania para Londres Vitoriana entre caixas de terra – matéria que, na obra de Rezende, assume outros sentidos ao ser associada ao ciclo ostensivo do agronegócio no Oeste da Bahia, de onde ela é retirada. Demeter, nome dado ao navio ficcional do romance gótico e que também remete à deusa grega da agricultura, intitula o caminhão conduzido por Ruberci Costa e seu filho, Iury Costa, em uma viagem em que se junta também o artista para cruzar o país e “descarregar” a obra na FVCB, em Viamão/RS.

Firas Shehadeh (Palestina, 1988)

Artista visual e pesquisador, com mestrado em Belas Artes pela Academia de Belas Artes de Viena, Áustria. Seu trabalho envolve construções de mundos e as estéticas e identidades após/na Internet, abordando efeitos pós-coloniais, tecnologias e história. Também atua na criação de performances sonoras.

Em exibição na sala de vídeos no térreo da Sala dos Pomares da FVCB, o trabalho Like Na Event In A Dream Dreamt By Another – Insomnia [Como um evento em um sonho sonhado por outro – Insomnia], 2024, de Firas Shehadeh, faz parte de uma série que investiga como jogadores palestinos transformam jogos de RPG em atos de desafio e construção de mundo, não como escapismo, mas como sobrevivência. O vídeo (33’’) traça a linhagem da violência colonial de Turtle Island à Palestina em Los Santos, apropriando-se da interface do popular game Grand Theft Auto – GTA estão simulando a vida real sob o regime colonial.

Ali Eyal (Iraque, 1994)

Nascido em Bagdá, o artista Ali Eyal atualmente vive e trabalha em Los Angeles, Estados Unidos. Sua prática artística abrange pintura, desenho e vídeo, buscando explorar as relações entre história pessoal, memórias transitórias, política e identidade. Participou de inúmeras exposições, como: The 58th Carnegie International (2022), Documenta 15 (2022) e 15th Sharjah Biennale (2023).

No mezanino da Sala dos Pomares da FVCB, a 14ª Bienal do Mercosul apresenta uma composição de obras do artista Ali Eyal, abrangendo uma instalação site-specific, uma fotografia em grande escala e um vídeo. O trabalho de Ali Eyal está relacionado às vivências pessoais e coletivas dos iraquianos nos anos 2000, quando o país foi invadido pelos Estados Unidos e aliados. But let me finish, let me say something [Mas deixe-me terminar, deixe-me dizer uma coisa], 2025, reúne um total de 59 desenhos e um texto do artista. A fotografia 6×9 doesn’t fit everything [6×9 não significa nada], 2021, é constituída por camadas de texto, pintura, envelopes e mãos. Nela, o artista aborda uma memória traumática de 2007, envolvendo sua família e a devastação causada pela guerra no Iraque. No vídeo Califórnia, criado em colaboração com David Horvitz, Ali Eyal aborda temas de idioma, geografia e impermanência.

 

SOBRE A BIENAL DO MERCOSUL

Criada em 1996, a Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul é uma instituição que tem como missão desenvolver projetos culturais e educacionais na área de artes visuais, adotando as melhores práticas de gestão e favorecendo o diálogo entre as propostas artísticas contemporâneas e a comunidade. Reconhecido como o maior conjunto de eventos dedicados à arte contemporânea latino-americana no mundo, oportuniza o acesso à cultura e à arte a milhares de pessoas de forma gratuita.

Após o adiamento da Bienal do Mercosul, em decorrências das tragédias climáticas que acometeram o Rio Grande do Sul em 2024, os desafios para a mostra se intensificaram e a Fundação da Bienal do Mercosul reitera o seu desejo em continuar realizando um trabalho com impacto social, fundamental na revitalização cultural do RS.

A 14ª edição conta com 77 artistas de 31 países, que exibem suas obras em 18 museus e espaços culturais em Porto Alegre e Viamão. “Realizamos uma longa pesquisa e esse processo culmina agora na abertura da Bienal, que tem como uma das características principais a capilaridade, por termos exposições e atividades em diversos pontos de Porto Alegre e Viamão, na região metropolitana”, ressalta o curador-chefe Raphael Fonseca.

 


 

SERVIÇO:

14ª Bienal do Mercosul na FVCB

Visitação: de 27/03/2025 a 01/06/2025, de terça a sábado, das 9h30 às 17h.

Local: Sala dos Pomares da FVCB (Rodovia Tapir Rocha, 8480 – parada 54, Viamão/RS), com área para estacionamento gratuito.

Entrada franca.

Atendimento a escolas e grupos: bienalmercosul.art.br/agendamento

Contatos do Programa Educativo da FVCB: educativo.fvcb@gmail.com | (51) 98229 3031