Elaine Tedesco – artista visual multimídia com produção em escultura, objetos, fotografia, instalação e videoperformance – participa de Aã, mostra coletiva em cartaz na Fundação Vera Chaves Barcellos. A equipe do Programa Educativo da Fundação realizou uma entrevista com a artista por e-mail, sobre o trabalho , em exibição na mostra. Saiba mais.

Entrevista com a artista Elaine Tedesco

Programa Educativo – Qual a importância do material utilizado na concepção da obra? Podemos reconhecer uma relação entre concentração, força e energia na obra ?

Elaine Tedesco – O é feito com aproximadamente 80 metros de tecido, para confeccionar lençol para cama de casal, torcido. Não é qualquer tecido branco. Quando fui comprar fui comprar peças para fazer lençol de casal. Certamente para fazer a peça foi necessário muita energia e força e foco.

Programa Educativo – A obra foi pensada para integrar uma série?

Elaine Tedesco – Não, mas é decorrência da série  Aparatos para o sono, que desenvolvi durante a década de 1990 e se liga a ela.Foi mostrada em 1997, na exposição A Sala da Insônia, realizada na Galeria Marisa Soibelmann, como parte da mostra paralela a I Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Nessa exposição o repouso era tratado não mais pela evocação ao repouso, como na série Aparatos, mas pelo ângulo de sua falta. Os trabalhos que constituíam essa exposição mudaram de enfoque, apresentavam-se como massas, como corpos que pendem. Uma das peças Sem título (o que nessa época não tinha título) era uma esfera confeccionada com aproximadamente 80 metros de tecido branco de lençol para casal torcidos, e ficava situada à frente de Salva-vidas, um colchão para casal com capa de nylon preto suspenso à parede por uma balança manual. Só havia peso, tensão.

Programa Educativo – A obra estabelece algum diálogo com outras obras ou outros momentos do seu percurso como artista?

Elaine Tedesco
– O primeiro  nó, que está dentro desse (tinha 55 cm de diâmetro, foto em anexo) foi um exercício do pensamento sobre escultura.Esculpir é desbastar, retirar, eu como desenhista,  pensei em usar o plano, para criar um volume, e um plano mole, foi assim que elaborei a primeira versão, que se chamava Dois nós dois. E eram dois nós um branco  e um vermelho, foram expostos na exposição Memória Principal, no Instituto Goethe em 1996. Foi apresentada numa individual no Paço das Artes em 1998. Depois em 2001 a mesma escultura foi apresentada numa exposição na Universidade de Passo Fundo, dentro de uma das Cabines para isolamento, fotos em anexo. A obra também estabelece diálogo direto com outras esculturas e fotos que realizei.