Curadoria de Ana Albani de Carvalho e Neiva Bohns.
Exposição individual de Clóvis Dariano realizada de 28 de outubro de 2006 a 26 de janeiro de 2007, no Espaço 0 da FVCB, em Porto Alegre/RS.
Re-Visões reuniu uma seleção criteriosa da produção fotográfica do artista Clóvis Dariano: oito séries, com mais de 30 fotos em diversos tamanhos. A mostra, embora sem pretender lançar um olhar retrospectivo abrangente sobre sua obra, contemplou vários períodos desta – do grupo Nervo Óptico, em meados da década de 70, em diante.
Vistas da exposição Re-Visões, ocorrida entre os meses de outubro de 2006 e janeiro de 2007, no Espaço 0 da FVCB, em Porto Alegre.
“Desde o início de sua trajetória, Clóvis Dariano opera com a fotografia como um lugar de investigação e experimentação, tanto do ponto de vista de quem produz a imagem, quanto daquele que a observa. Sua atuação – ao lado de Carlos Pasquetti, Teimo Lanes, Mara Alvares e Vera Chaves Barcellos – na criação do Nervo Óptico (1976/1978), pode ser vista como um momento-chave deste modo de conceber a arte. Assim, Re-visões é uma (a)mostra, bastante seletiva, do que o artista vem produzindo desde os anos 70 até os dias de hoje. A contemporaneidade de suas proposições pode ser vista como um desafio e como uma contribuição ao campo artístico, nestes dias em que o encanto pela tecnologia parece sobrepujar o vital exercício da criação. Em algumas obras expostas, a fotografia encontra meios de negar a sua própria condição mimética, seu estatuto de evidência e de prova irrefutável (vide Pele sobre Pele e Paisagem sobre Paisagem). O jogo proposto entre a realidade observável e passível de registro, e a manipulação arbitrária de elementos desta mesma realidade, também aparece nos retratos e auto-retratos em que o artista utiliza o recurso dos óculos-olhos: olhos que se apresentam declaradamente como imagem. Podem ser vistos, mas não podem ver. Suas fotografias avançam por caminhos ainda mais perturbadores, como no caso da imagem do pedaço de corpo que ameaça sair de dentro de uma caixa, ou perder-se num buraco sem fundo. Na mente do observador instala-se uma profunda inquietação sobre a verdade daquilo que pode ser visto. Com toda sua potencialidade mórbida, é a finitude da vida que essa imagem evoca, funcionando como advertência para os prepotentes que negligenciam a fragilidade humana.”
Trecho do texto curatorial de Ana Albani de Carvalho e Neiva Bohns
Outubro de 2006