Foto: Fábio Alt / FVCB

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Na manhã do dia 27 de outubro, Regina Silveira recebeu visitantes e professoras integrantes do Programa Educativo para uma visita guiada à exposição “Julio Plaza, Construções Poéticas”, na sede da Fundação Vera Chaves Barcellos.A obra do Julio está muito bem sintetizada, mostra como ele foi se afastando da linguagem construtiva para outras formulações”, introduziu Regina, “estou adorando estar aqui porque é um pouco da minha memória”, complementou.

Foto: Juliana Lima / FVCB

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Regina ressaltou que a produção gráfica de Julio domina a exposição. Ela explicou que algumas das obras foram feitas na gráfica que a Universidad de Puerto Rico montou para o departamento de arte na época em que ela e Julio eram artistas residentes lá. “O livro, o álbum e a série sempre estiveram na cabeça do Julio como formas melhores de apresentar um trabalho. ‘Anarquiteturas’ (1969) é um álbum e é um dos trabalhos que foram feitos lá e trazidos para o Brasil, ou seja, ele foi salvo, porque deixamos pilhas de gravuras em Porto Rico. Eu sempre vou lembrar das obras amontoadas na calçada da nossa casa”, comentou Regina. Outros trabalhos da exposição foram produzidos na fotoliteira que Julio construiu quando se estabeleceu no Brasil.

Regina percorreu toda a exposição detalhando como, quando, onde e sob quais circunstâncias  as obras foram feitas. Explicou que uma parte dos trabalhos é influenciada pelo interesse de Julio por sistemas filosóficos orientais. “No começo dos anos 80, ele estava pesquisando o fluxo de energia da caligrafia”, conta ela. A litografia “Halley” (1986) sintetiza essas preocupações em apenas uma pincelada que exigiu inúmeras tentativas.

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Regina Silveira mostrando o trabalho "Anarquiteturas", de 1969. Foto: Fábio Alt / FVCB

Outra parte da produção exposta se apoia na veia crítica de Julio Plaza. Um exemplo é o poema visual que organiza a frase “Brasil país do futuro” em um círculo, aludindo a uma serpente que morde a própria cauda. “Ele repetiu a letra ‘s’ para lembrar o ruído que a serpente faz”, esclareceu Regina. Olhando para as serigrafias “Duchamp X Vasarely” (1975) e “Sem título” (1975) ela ainda comentou: “São dessacralizadoras, tentativas de desconstruir o significado da arte. O Julio juntou ícones da arte como Duchamp e Vasarely porque tinham poéticas bem diferentes com o objetivo de fazer um embate entre eles”.

Foto: Fábio Alt / FVCB

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Foto: Juliana Lima / FVCB

Regina em frente as serigrafias "Duchamp x Vasarely" e "Sem título", de 1975. Foto: Juliana Lima / FVCB

Além da visita guiada, as professoras da rede pública de Viamão discutiram com a coordenadora educativa da mostra, Margarita Kremer, as possibilidades de abordar questões de Julio Plaza em sala de aula. “Precisamos mostrar que existe possibilidade de aprender fora dos padrões formais. O Julio, por exemplo, começou trabalhando direto com matemática à partir de Mondrian”, explicou Margarita. Em breve, as docentes receberão um material didático completo para auxiliá-las na tarefa.

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Professoras participam do encontro do Projeto Educativo com Margarita Kremer. Foto: Juliana Lima / FVCB